ÉRICO PIRES
( BRASIL – RIO GRANDE DO SUL )
Poeta, cronista, autor do livro “Cerca de Pedra – Poesia Crioula”; poemas publicados no Jornal do Herval e nas coletâneas “A Querência da Poesia em Versos” e “16ª”, 17ª e 18ª. Antologia dos Centro de Escritores Lourencianos” e “Coletânea da CAPORI – 50 anos 2014”.
E-mail: egspires@hotmail.com
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VENZON, Altayr; MONCKS, Joaquim; RODRIGUES, Darcila (organizadores). Antologia da Casa do Poeta Rio-Grandense Coletânea Literária. Porto Alegre/RS: Antonio Soares /Edições Caravela, 2025. 216 p. ISBN 978-85-8375-027-7
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo Brito (livreiro) em 2024.
Para ser poeta
Como se perdesse o rastro
uma palavra arrodeia,
redemoinha, gambeteia,
farejando irrequieta
como pingo em cancha reta
que refuga o partidor,
pra descobrir se o escrito
tem tino para ser poeta...
Esta palavra aragana,
que solita gaudereia
como perdiz que passeia
numa invernada vazia
é somente letra fria
como lonca desquinada
que nas mãos certas trançada
se transforma em poesia.
Tantos querem fazer versos
porque querem ser poetas
e em suas preces secretas
imploram à luz de velas
que as deusas das coisas belas
sejam musas de mortais
mas não sabem que esses tais
são escolhidos por elas.
E se o poeta é um eleito
pra esse dom divinal
já que é escolhido, afinal,
entre tantos que não são,
sua alma e coração
oferece à irmandade
pra que essas divindades
possam sentir emoção.
Assim, Quintana, Athaualpa,
Homero, José Hernandez,
Neruda, lá pelos Andes,
entre o mar e o precipício,
o Martin Fierro fictício,
Jaime Caetano e Camões
emprestaram emoções
para seus deuses patrícios.
Eu fico, às vezes, pensando
meio crente, maio incréu,
que as entidades do céu,
num bendito desatino,
pondo poesia no destino
de algumas almas humanas
querem se tornar mundanas
e aos poetas, divinos.
A poesia, portanto,
segundo esta mesma lógica
é uma ponte mitológica
entre o real e o etéreo
e o poeta, um gauderio,
que encilha emoções cruas
e reponta sois e luas
por estes dois hemisférios.
Estrela do mar
Premeditando um tanto de poesia
palavras dançam na mesa de centro,
como, à alvorada, dança a luz do dia,
rastreando rumos meu olhar a dentro.
Onde andará aquela rima mal domada,
que, há algum tempo, julguei ter perdido,
e agora, em brumas, espreita dissimulada,
porque anseia ser o verso prometido?
Por que se esconde nas montanhas nebulosas
se deixa pistas de orvalho e rosas
perfumando nas trilhas por onde passar...?
Queira mostrar-me, talvez, esperançosa,
quem sabe, o brilho de uma estrela graciosa,
luzindo versos no fundo do mar.
*
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Página publicada em janeiro de 2025
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